Historinhas hipotéticas:
Situação-revelação 1:
- Mãe, preciso te contar
uma coisa... Eu como aveia no café da manhã!!!!!!!!
Situação-revelação 2:
- Pai, tem uma coisa sobre
mim que você não sabe... Quando eu tomo banho eu sempre começo a me ensaboar
pelos pés!!!!!!!
Situação-revelação 3:
- Chefe, a gente precisa
conversar... Você precisa saber que eu saio pra passear com meus cachorros nos
domingos de manhã!!!!!!!!
Você deve estar pensando:
“Hã????? WTF????” Pois é, ao escrever essas situações eu realmente queria que elas parecessem sem sentido. Queria
que vocês leitores e leitoras pensassem: Mas e daí? O que tem demais o sujeito
comer aveia no café da manhã? Essa é uma ótima pergunta... Não tem nada demais!
Cada um come o que quiser, não é mesmo? E se a pessoa tem um ritual para tomar
banho, por exemplo, isso não afeta em nada a minha vida. Nem ela passear com
cachorros. Aliás, passear com o cachorro nem parece ser uma revelação, já que
uma hora outra as pessoas acabariam percebendo esse hábito...
Então... Eu sonho com o
dia em que dizer para alguém: “Sou gay/lésbica”. Se pareça tão sem sentido
quanto às frases anteriores. Um dia em que essa revelação não seja necessária. Mas
infelizmente ainda não é assim que acontece.
Para piorar ainda tem um
agravante: falar sobre orientação sexual não é como o café da manhã, onde beber
leite ou suco tem o mesmo poder de significar nada e não ser da conta de
ninguém. No caso da orientação sexual, esta só se precisa ser revelada por um
grupo específico: aquele que foge à heteronormatividade.
A orientação sexual de
alguém só interessa, só causa polêmica, quando foge a esse padrão estabelecido.
Ninguém precisa se assumir heterossexual. Ninguém discute quando o fulan@ se
tornou heterossexual. Ou se foram as amizades que o influenciaram a ser hétero.
Ou se o fato de ele ter pais e mães sempre presentes acabou por fazê-lo se
espelhar naquele tipo de relação heteroafetiva. Ou ainda se ele teve relações
suficientes com pessoas do mesmo sexo para ter certeza de que gosta do sexo
oposto.
O estranhamento só existe
de um lado da moeda! O preconceito está aí, o que faz com que os homossexuais precisem
lidar com a questão “sair do armário”. Contar ou não contar? Quando? Como? Para
quem? Bom, cada um decide sua hora, mas acho que o bom senso e a naturalidade é
a melhor saída.
Essa é a história de como um
amigo meu se assumiu para a mãe:
A mãe foi busca-lo na
rodoviária depois de uma viagem. Sabendo que o filho havia tido problemas com o
cartão do banco na hora de comprar a passagem da volta, ela perguntou:
- Filho, como você fez
para comprar a passagem?
- O Ricardo me emprestou
dinheiro.
- Quem é esse Ricardo que
eu não conheço?
- Meu namorado.
- (Mãe batendo o carro!)
Brincadeiraaaaa. Foi só pra descontrair, não houve
acidentes. Mas a história é verídica e eu adoro ela! Comecei a me inspirar nesse
meu amigo.
Afinal,
se eu me considero normal, se acho a homossexualidade como uma coisa
natural porque colocar um peso tão grande em revelações?
É óbvio que algumas pessoas
precisam ser informadas, porém nem sempre é preciso fazer um evento ou entrar
em pânico ensaiando o discurso na frente do espelho. O primeiro passo para a
sociedade enxergar algo como natural é agirmos naturalmente. Aos poucos as
pessoas acabam vendo ou descobrindo. Algumas vão te julgar por isso, mas outras
não. E você nem sempre tem que dar satisfação sobre isso! Pode ligar o “foda-se”
de vez em quando...
Exista,
viva, seja! Naturalmente e feliz.
Se você passeia com seu cachorro
aos domingos, começa o banho lavando os pés, ou beija mulheres são detalhes.
Quem estiver perto um dia acaba descobrindo e você continua sendo você. Seu
coração sabe disso e quem quiser que te abrace.
Porque não começar mostrando a si mesm@ que amar as pessoas é ainda mais simples que comer aveia? ;)